terça-feira, 13 de abril de 2010

Fala aí

Mais olhólhó as voltas que o mundo dá, antes de qualquer coisa vô me apresentar, me chamo Fernanda. Nasci na Carmela Dutra como uma legitima Manézinha da Ilha. Cresci no tamanho e diminui nas palavras afinal, Mané que é Mané adora falar no diminutivo: Vai querê saber da minha vida mais um bocadinho?
Se quésh quésh se não quésh diji!
Aprendi a pescar logo cedo, encontrava meu avô no rancho onde ele guardava seus objetos de pesca: o caniço, a tarrafa, o jereré, a pomboca e a linha de nailo, tudo prá mó di pega aquela fartura de tainha, varar a noite pegando os sirizinho de garra azuli e cantar o rancho de amor à ilha até amanhecer o dia.
Meu Vô é manezinho de corpo e alma. Lembro que por diversos dias me perdia no tempo ouvindo suas inúmeras histórias de pescador, de quando criança, livre, corria descalço e sem medo pelas ruas da cidade. Época que se passava a pé pela ponte Hercílio Luz, se acocorava no lodo pra catar berbigão, onde a praia de Jurerê era apenas areia, céu e mar. O trânsito morava longe, e o metrô de superfície era apenas um sonho daqueles bem distantes, quase que irreal.
Hoje tudo mudado, a gente se estrupia pra não ver nossa cultura se perder na imensidão do mar, os monstruosos edifícios de cimento tomam conta dos verdes, ô cosa medonha.
Imagina ilha sem rendeiras, Florianópolis sem moça faceira, escassa de belezas sem par. Acredite ô istepô, cultive cultura, plante história e verás que os manezinhos filhos de teus filhos também poderão sonhar!

Foto: Fernanda Campos

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